Tarifaço força férias coletivas em empresa do setor madeireiro em SC
Localizada em Ipumirim, no Oeste, a empresa anunciou férias coletivas até o início de agosto; a decisão foi tomada nesta semana, após os impactos diretos do tarifaço de Trump.
A taxação imposta pelos Estados Unidos sobre produtos importados já começa a afetar diretamente empresas catarinenses. Em Ipumirim, no Oeste de Santa Catarina, o Grupo Ipumirim anunciou férias coletivas aos colaboradores nesta semana, como medida preventiva.
“Os clientes nos Estados Unidos não estão mais permitindo o embarque das mercadorias. Eles também pararam de comprar. Isso nos colocou em uma posição difícil, onde a única saída no momento foi dar férias coletivas”, afirma a empresa.
A medida atinge diretamente 500 colaboradores, além de impactar uma cadeia de mais de 150 prestadores de serviço, como empresas de transporte e manutenção. Ao todo, estima-se que mais de 650 pessoas estejam ligadas às operações da empresa.
Férias coletivas pela primeira vez
Com 60 anos de atuação no mercado, esta é a primeira vez na história do Grupo Ipumirim que são concedidas férias coletivas fora do período tradicional. Os gestores esperam que os governos do Brasil e dos Estados Unidos encontrem uma solução diplomática em breve, permitindo a retomada das atividades normais.
“Entendemos que este é um momento delicado, mas acreditamos que, juntos, superamos qualquer desafio”, declarou a empresa em nota oficial.
Situação preocupa a Abimci
A Abimci (Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente) se manifestou sobre as medidas que vêm gerando impactos negativos no setor e destacou que cerca de 90% da produção está concentrada na região Sul do país.
“Só para os Estados Unidos exportamos cerca de US$ 1,6 bilhão em 2024, o que representa uma dependência média de 50% da produção nacional em relação ao mercado norte-americano”, afirmou a associação em nota.
No entanto, alguns segmentos da indústria madeireira dependem exclusivamente dos EUA, com 100% das vendas atreladas ao país. “Por isso, desde o anúncio da possível taxação pelos Estados Unidos, instalou-se uma insegurança generalizada no mercado, levando o setor ao início de um colapso.”
A maioria dos contratos, segundo a entidade, está sendo cancelada pelos importadores norte-americanos e muitos embarques foram suspensos. “Nossas empresas já estão sendo obrigadas a adotar férias coletivas forçadas, na tentativa de ganhar tempo e preservar empregos, enquanto outras já planejam desligamentos”, informou a Abimci.
A associação alerta ainda que a produção vem sendo reduzida em praticamente todo o setor, e em muitos casos, com paralisação total das atividades. “Nesse momento, nosso maior desafio é lutar pela manutenção dos empregos e pela continuidade das atividades industriais”, conclui a nota.
Tarifaço de Trump
Embora ainda não haja detalhes completos sobre a extensão da medida, a perspectiva de aplicação da tarifa já deixa a indústria em alerta.
“A implementação da tarifa, compromete a competitividade dos produtos catarinenses, uma vez que países concorrentes em setores relevantes para a pauta exportadora de Santa Catarina podem ser submetidos a taxas bem inferiores”, afirma o presidente da Fiesc (Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina), Mario Cezar de Aguiar.
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